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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Giovanni parte 1

Parte do livro Giovanni's room, de James Baldwin



AQUI ESTOU, em pé diante da janela deste casarão no sul da França enquanto chega a noite, essa noite que me arrasta ao pior de todos os amanheceres de minha vida. Tenho um copo na mão, uma garrafa encostada ao cotovelo. Observo meu reflexo no brilho mortiço da vidraça, e vejo que meu vulto é alto, talvez bem parecido ao de uma flecha, e meu cabelo louro também brilha um pouco. O meu rosto é igual a rostos que já foram vistos muitas vezes, em numerosos lugares. Meus antepassados conquistaram um continente, atravessando planícies habitadas pela morte, até chegarem a um oceano que ficava para o lado oposto ao da Europa, voltando-se para um passado mais sombrio.
Quando amanhecer talvez eu esteja, bêbado, mas de nada isso adiantará. De qualquer modo, bêbado ou não, tomarei o trem para Paris. Esse trem vai ser o mesmo de sempre, com os passageiros esforçando-se para obter acomodação mais cômoda e até mesmo aspecto de dignidade naqueles bancos de costas retas, feitos de madeira e de terceira classe.

Passaremos pela mesma campina rumo ao norte, deixando para trás as oliveiras, o mar e toda a glória contida no céu que promete tempestade, e ingressaremos no nevoeiro e na chuva que cobrem Paris. Alguém vai me oferecer um pedaço de sanduíche, outrem me oferecerá um gole de vinho, e certamente haverá quem me peça um fósforo. Nos corredores lá fora haverá gente a andar de um para o outro lado, espiando pelas janelas e para nós. A cada parada surgirão recrutas em seus uniformes marrons e grandes, com chapéus coloridos, abrindo a porta do compartimento e perguntando: Complet?E todos nós anuiremos um “sim” em resposta, como conspiradores, sorrindo de leve uns para os outros enquanto os rapazes percorrerão o trem fazendo a mesma pergunta. Dois ou três deles terminarão em frente à porta de nosso compartimento, gritando uns com os outros em suas vozes firmes e irreverentes, fumando seus pavorosos cigarros dados pelo exército. Vai haver uma moça sentada no banco à minha frente, a imaginar o motivo pelo qual não tenho flertado com ela, e que ficará animadíssima com a presença dos recrutas. Eu estarei da mesma forma, porém saberei controlar-me melhor.
Acontece, também, que esta noite a campina está tranqüila e parada, essa campina que se reflete através da minha imagem no vidro da janela. Esta casa fica bem ao lado de uma pequena estação de veraneio – vazia ainda, pois a estação de férias não começou. Fica sobre um pequeno morro, e pode-se olhar daqui as luzes da cidade, e ouvir as ondas do mar. Minha pequena, Hella, e eu alugamo-la em Paris há alguns meses atrás, tendo-a vista em fotografias. Já faz uma semana que ela se foi, e deve estar agora em meio ap oceano, de volta aos Estados Unidos.
Imagino sua imagem neste instante, muito elegante, nervosa e brilhando, rodeada pela luz que enche o salão do transatlântico, bebendo depressa demais e rindo, observando os homens presentes. Estava assim quando a conheci, num bar em St.-Germain-de-Prés, bebendo e observando, e por isso gostei dela, achei que seria divertido participar de sua alegria. Foi assim que começou e para mim representou apenas isso; a despeito de tudo, não sei ainda com certeza se a coisa toda realmente representou mais que isso para mim. E não creio que tenha mesmo significado mais do que isso para ela – pelo menos enquanto não fez aquela viagem à Espanha e, tendo-se encontrado sozinha por lá, talvez começasse a imaginar se uma vida de beber e observar homens era o que desejava. Àquela altura, de qualquer modo, era tarde demais. Eu estava com Giovanni. Eu a pedira em casamento, antes de Hella seguir para a Espanha, e ela rira muito, mas isso, de algum modo, tornara a coisa mais séria para mim, e insisti. Foi então que a ouvi dizer que teria de afastar-se de mim e pensar no caso. E ontem à noite estivera aqui, na última vez em que a vi, enquanto arrumava a mala. Eu lhe dissera que a amara uma vez, e me obrigara a creditar no que eu próprio dizia. Mas teria conseguido isso? Estava pensando, certamente, nas noites que passamos na cama, naquela inocência e naquela confiança peculiares, que nunca mais existirão, e que tornaram aquelas tão deliciosas, tão desligadas do passado, presente ou qualquer coisa vindoura, tão desligadas da minha vida, afinal, pois eu não precisava fazer mais do que assumir responsabilidade puramente mecânica por elas. E aquelas noites eram vividas sob um céu estrangeiro, sem pessoa alguma a observar, sem penalidades ou castigo – e foi este último fato a causa de nossa ruína, pois nada se mostra mais insuportável do que a liberdade, depois de a possuirmos. Acho que foi esse o momento pelo qual a pedi em casamento – para obter alguma coisa à qual eu ficasse amarrado, preso. Talvez tenha sido por isso que ela, na Espanha, resolveu casar-se comigo. Infelizmente, não podemos inventar o que nos vai prender, ou inventar nossos amantes e nossos amigos, assim como não podemos inventar e escolher nossos pais. A vida nos dá tudo isso, e também os tira de nós, e o grande problema está em dizermos “sim” a ela, à vida.

Quando disse a Hella que a amava, eu pensava naqueles dias antes de uma coisa horrível e irrevogável haver-me ocorrido, quando um caso era apenas um caso sem maior importância. Agora, a partir desta noite e do amanhecer que logo virá, sejam quantas forem as camas nas quais eu me encontre, entre o momento presente e meu último e derradeiro leito, jamais poderei entregar-me a qualquer desses casos juvenis e entusiásticos – casos que na verdade, quando se pensa bem no assunto, não passam de um tipo de masturbação mais elevada, ou pelo menos mais pretensiosa. As pessoas variam demais para que as possamos tratar com tanta ligeireza. Eu sou variado demais para que possam confiar em mim. Não fora assim, e não estaria sozinho, nem Hella estaria cruzando o oceano, e Giovanni não estaria tão perto de ser levado, em qualquer momento até ao amanhecer, para a guilhotina.

Arrependo-me agora – ainda que de nada isso sirva – por uma determinada mentira entre as muitas que já usei, vivi, e em que acreditei. É a mentira que contei a Giovanni, mas nunca o consegui fazer crer, de que jamais dormira antes com outro homem. Eu dormira, sim. Tinha resolvido nunca mais fazer isso. Há alguma coisa fantástica no espetáculo que agora apresento a mim mesmo, o de correr tanto, e com tanto esforço, tendo até atravessado o oceano, para mais uma vez me encontrar diante do cão de guarda, em meu próprio quintal – e havendo esse quintal ficado menor, e o cão de guarda bem maior, no tempo transcorrido desde então.
Não tenho pensado naquele menino – o Joey – há muitos anos, mas posso vê-lo com toda clareza esta noite. Foi há anos atrás. Eu era ainda adolescente, ele tinha mais ou menos minha idade, um ano a mais ou a menos. Joey era muito bom menino, vivo e moreno, e sempre rindo. Durante algum tempo foi meu melhor amigo, e mais tarde a simples idéia de uma pessoa assim pudesse ser meu melhor amigo constituía, para mim, a prova de alguma mancha horrível. Por isso eu o esqueci, mas o vejo claramente esta noite.
Postado por Redmoongirl às 21:52
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Marcadores: Giovanni

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